Errar todos nós erramos, porque será que diversas pessoas tem grande dificuldade em pedir desculpas quando pisam na bola mesmo tendo a certeza do mal cometido e da mágoa que ocasionaram?
O psicólogo
Andrew Howell, da Universidade Grant MacEwan, no Canadá, autor de um estudo que
relaciona traços de personalidade e “predisposição” para pedir desculpas,
afirma que quanto menor a autoestima, maior a dificuldade para se desculpar,
pois a consciência do erro afeta a autoimagem de pessoas emocionalmente frágeis
tornando o ego relutante para executar tal ato.
Um dado bem interessante do seu
estudo apontou que certas pessoas com grande senso de justiça apresentam maior
dificuldade de pedir perdão.
No entanto,
segundo a psicóloga Priscila Gaspar, é o orgulho que adia o pedido de
desculpas. Muitas pessoas têm dificuldades em pedir desculpas porque se sentem
diminuídas com o ato.
Ao pedir desculpas estamos admitindo que não somos
perfeitos e isso fere nosso orgulho. Pedir desculpas significa ceder e,
para se mostrarem firmes e duronas, não cedem e não percebem que isso apenas
aumenta as desavenças!
Há também
pessoas que apresentam grande falta de habilidade em falar sobre os seus
sentimentos e atitudes por assim terem aprendido de alguma forma: seja por
terem absorvido características daqueles com quem conviveu (referência
familiar), pelo perfil de ambiente onde foi criado, o estilo de educação que
recebeu e até pelo funcionamento comportamental enraizado na sua bagagem
sócio-cultural.
Verbalizar um pedido de desculpas torna-se algo tão complexo
que, muitas vezes, o comum é contornar situações agindo (aparentemente) como se
nada tivesse acontecido.
Porém,
independente do que sustenta a ausência de um pedido de desculpas, acredite:
aquele que provoca a mágoa sofre tanto quanto aquele que foi magoado por
tratar-se de um grande conflito interno, uma briga entre os gigantes Ego e
Superego.
É uma dor silenciosa que fica remoendo por dentro e que, de alguma
forma, virá à tona como, por exemplo, através de um comportamento diferente do
habitual e/ou através de doenças físicas diversas. Enquanto houver ressentimento consigo
mesmo, existirá o auto-envenenamento psicoemocional.
O fato é que
você não é perfeito e errou feio, logo, é você que precisa tomar uma
providência e não o outro.
Olhe lá no fundo do seu Eu e se questione sobre o
que realmente te impede de reconhecer o seu erro e pedir desculpas. Medo?
Orgulho? Vergonha? Inferioridade? Não se esqueça das sábias palavras do meu
amigo Carl Jung: aquilo a que você resiste, persiste.
Texto de : Ana Cruz - Psicanalista
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