6 de setembro de 2015

A difícil arte de pedir desculpa.


Errar todos nós erramos, porque será que diversas pessoas tem grande dificuldade em pedir desculpas quando pisam na bola mesmo tendo a certeza do mal cometido e da mágoa que ocasionaram?
O psicólogo Andrew Howell, da Universidade Grant MacEwan, no Canadá, autor de um estudo que relaciona traços de personalidade e “predisposição” para pedir desculpas, afirma que quanto menor a autoestima, maior a dificuldade para se desculpar, pois a consciência do erro afeta a autoimagem de pessoas emocionalmente frágeis tornando o ego relutante para executar tal ato.
Um dado bem interessante do seu estudo apontou que certas pessoas com grande senso de justiça apresentam maior dificuldade de pedir perdão.
No entanto, segundo a psicóloga Priscila Gaspar, é o orgulho que adia o pedido de desculpas. Muitas pessoas têm dificuldades em pedir desculpas porque se sentem diminuídas com o ato. 
Ao pedir desculpas estamos admitindo que não somos perfeitos e isso fere nosso orgulho. Pedir desculpas significa ceder e, para se mostrarem firmes e duronas, não cedem e não percebem que isso apenas aumenta as desavenças!
Há também pessoas que apresentam grande falta de habilidade em falar sobre os seus sentimentos e atitudes por assim terem aprendido de alguma forma: seja por terem absorvido características daqueles com quem conviveu (referência familiar), pelo perfil de ambiente onde foi criado, o estilo de educação que recebeu e até pelo funcionamento comportamental enraizado na sua bagagem sócio-cultural. 
Verbalizar um pedido de desculpas torna-se algo tão complexo que, muitas vezes, o comum é contornar situações agindo (aparentemente) como se nada tivesse acontecido.
Porém, independente do que sustenta a ausência de um pedido de desculpas, acredite: aquele que provoca a mágoa sofre tanto quanto aquele que foi magoado por tratar-se de um grande conflito interno, uma briga entre os gigantes Ego e Superego. 
É uma dor silenciosa que fica remoendo por dentro e que, de alguma forma, virá à tona como, por exemplo, através de um comportamento diferente do habitual e/ou através de doenças físicas diversas. Enquanto houver ressentimento consigo mesmo, existirá o auto-envenenamento psicoemocional.
O fato é que você não é perfeito e errou feio, logo, é você que precisa tomar uma providência e não o outro
Olhe lá no fundo do seu Eu e se questione sobre o que realmente te impede de reconhecer o seu erro e pedir desculpas. Medo? Orgulho? Vergonha? Inferioridade? Não se esqueça das sábias palavras do meu amigo Carl Jung: aquilo a que você resiste, persiste.
Texto de : Ana Cruz - Psicanalista

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